Não vão ser, nem cordas,
Nem nós, nem algemas,
Que vão prender-nos aqui!
Não vou deixar-te sangrar,
Vou atravessar este temporal,
Juntos vamos vencer a tormenta
Nós vamos conseguir!
Não haverá mostrengo
Suficientemente poderoso
Para adiar e privar o luar,
Noites tenebrosas de uivos
E labaredas de mil círios!
"O céu é uma abóbada escura por cima de mim
Não vejo o caminho.
Para me iluminar
Acendo em mim um sol de angústia."
O que aconteceu...?
Á Lua que ilumina
Nossas doces noites,
Ao sono que traz
Serenidade, fantasia,
Sonhos de vidas (ainda) proibidas...
Que vento levou a esperança...?
Não foi o mesmo vento
Que te trouxe até mim,
Que quis o nosso futuro junto.
Todas as hipóteses perdidas,
Mil lágrimas rolarão naquelas faces,
Pois este vento apenas traz a privação.
Tempos de miséria aproximam-se.
Tem cuidado amor...
Este vento já nos levou o luar.
O pequeno bote chamado Vida
Enfrentou fortes correntes,
Á sua proa vagas agrestes
Vinham esbravejar.
Bote frágil e intrépido
Todos venceu!
Rios grandes atravessou,
Bons marinheiros nele
Recolheram valorosas pescarias.
Calmos cais o acolhiam.
Numa tola e enluarada noite,
Seus nós foram desfeitos..
Pequeno bote sem rumo ia
Para num lodaçal acabar seus dias.
Abandonado, apartado para sempre
Das grandes glórias, de bravos
Marinheiros e duras travessias,
Ali jazia numa qualquer margem
Onde jamais alguém o vira.
Não existem Homens sem eclipses.
Existe sempre esse momento
Em que as trevas vencem a luz,
O momento dos uivos cortantes,
Dos ventos aterrorizadores das almas
O momento que a Lua vence
Um Sol de ilusões...
Curva-te e admira a força da Lua.
Presta a tua máxima reverência
Ao símbolo absoluto da loucura,
À guia dos insanos pois ela
Não precisa de demonstrar
O seu poder ostensivamente,
Ela simplesmente é
A toda-poderosa Lua!