Segunda-feira, 27 de Dezembro de 2004

Há muitos, muitos anos...
Ainda estava adormecida
Numa outra esfera de existência,
Chamaram-me.
A luz do Conhecimento
Revelou-me a missão,
A nova missão.
Teria de voltar a encarnar.
Tinha ainda muito
Para aprender,
Desta vez não seria nem
Nobre, nem realeza.
Seria plebeia.
Teria uma vida modesta.
O que vi fez-me recuar.
Já não podia,
Era tarde demais.
Tentei evitar.
Tentei o suicídio,
O cordão umbilical,
Seria minha forca
Mas o amor da
Minha nova mãe,
Uma mãe que tinha lutado,
Que me queria aqui,
Fez-me mudar de ideia.
Eu estava ali para fazer
Alguém muito feliz.
Para ser muito feliz
Com as pessoas que amei,
Com as pessoas que iria amar
Ali naquela minha nova
Oportunidade de viver, de te amar.
Sábado, 25 de Dezembro de 2004

Sabes quando sentes falta,
Daquele abraço, do beijo terno?
Senti isso na tua voz,
Mesmo sem o dizeres
Ouvi o teu grito:
- Quero tanto o teu carinho
e estou aqui sem ti, tão longe!
Como queria voar para ti.
Agora. Já!Mas não consigo...
Como não consigo
Ficar indiferente à tua dor.
A tua dor é minha.
Não consigo simplesmente
Encolher os ombros,
Pensar que é triste.
Não.
És meu complemento,
És quem me faz sorrir,
És quem me Ama,
És Quem Eu Amo.
Não me faz feliz
A tua lágrima,
A tua tristeza.
Amo-te e se Natal
É dor e separação,
Que acabe o Natal!
Odeio Natais!
Terça-feira, 21 de Dezembro de 2004

Hoje
Solstício de Inverno.
A Saturnália conforme
Os antigos romanos.
Hoje é a noite mais longa
De todo o ano.
A partir daqui será
O crescimento da Luz,
Do dia, do Sol crescente.
Para quê o dia se tenho
A noite, esta noite contigo.
Sim, será nossa, só nossa.
Não terão fim os teus carinhos,
Os meus beijos lascivos.
Serei tua e, tu meu.
Seremos Um só.
Sem pudor.
Sem castigos.
Só nós, Amor.
Quinta-feira, 16 de Dezembro de 2004
Não existem Príncipes Encantados!
Apenas sátiros libidinosos
Que vestem trajes principescos.
Desafiam jovens belas, virginais e
Indefesa na arte dos devaneios
Dos caminhos da carnalidade.
A sedução da promessa de amor eterno,
Faz vacilar. O Sátiro sabe-a bem.
Algumas, as mais ingénuas e crentes
No Deus vingador, acobardam-se receosas
Do castigo, preço do seu desejo proibido
Mas acabam por ceder ao encantamento
Das flautas mágicas dos Sátiros Príncipes.
Uma vez eleita, o Sátiro espera-a,calmo.
O tempo de espera não o derrota.
Chega o dia em que o Sátiro
Apodera-se finalmente de
Toda a réstia de candura,
Virgindade e inocência,
Da donzela que não resiste à
Fatal doçura do Sátiro
A alma dela, aos pouco, é despojada
É o troféu da paciência e persistência.
As areias do tempo passam
Rápidas demais para o Sátiro que,
Cedo se enfada da, outrora, bela...
O desejo da caçada triunfante,
Torna-se premente,
Para quem não esquece o sabor
Da conquista e agora
É um mero carcereiro
A decisão demora mas é tomada.
Abandona a serva já sem préstimo,
A floresta negra dos uivos será
O seu altar macabro.
Eu consegui escapar com vida.
Um Homem salvou-me da morte certa,
Mas não lamento a fraqueza das que
Tombaram, e irão continuar, a tombar.
Desmesurado desejo do Sátiro.
Terça-feira, 14 de Dezembro de 2004
É um teatro burlesco
Um espectáculo
Aqui montado.
Berram muito,
Falam alto,
Esbracejam,
Discutem,
Eu assisto,
Observo.
Aprendo.
É uma postura
Contemplativa,
Pacífica.
Não me incluo
Nem participo.
Gosto deste
Abismo protector.
Gostava de te dar
Um pouco da minha
Abstracção calma,
Mas vais ser tu
Que vais ter de
Conquistar
Pelos teus
Próprios meios.
Um dia vais poder
Olhar para trás,
Sorrir com a tua
Precipitação,
O teu nervosismo,
E vais sorrir.
Vais talvez dizer:
- Se eu soubesse que era tão simples...</p>
Quarta-feira, 8 de Dezembro de 2004

Noites plenas de estrelas,
Pontos de luz
Ténues ou exuberantes.
Exuberantes como
Gargalhadas de uma
Borboleta recém-nascida,
Emergente da crisálida,
Contemplando as suas
Novas asas coloridas.
Como gostava de
Ter essas asas que
Me levariam a ti,
Sem esforço,
Aproveitando
A brisa morna
Que desafia o frio
Polar que endurece
As tuas noites
Sem o meu carinho,
Sem o terno abraço,
E sem o meu murmúrio
Quente no teu peito:
- Como eu gostava de voar contigo.
Quinta-feira, 2 de Dezembro de 2004

Uma queda.
Súbita escuridão.
Abstracção.
Silêncio.
Flutuo.
Estou noutro
Estranho lugar.
Todas as imagens.
Muitos e rápidos
slides fugazes.
Não consigo perceber
É a minha vida..isto?..
Um flash só.
Um beijo.
O nosso primeiro beijo.
Secreto.Inocente.
Eternamente nosso
De mais ninguém.
E neste momento solitário
Meu e de mais ninguém.