Segunda-feira, 30 de Agosto de 2004
Quando eu morrer
Irei descalça.
Os meus pés nus
Cruzarão o limbo.
Recordarão noites
De gáudio em que
Caminhei na areia da praia
Comemorando as minhas
Pequenas conquistas,
Grandes triunfos que
Como todos os grãos
De areia, foram voando,
Dispersando de tão leves
De tão minúsculos.
Irei descalça e sozinha.
Tenho pena, amor,
Desculpa, mas esta viagem
Vai ser só minha.
Irremediavelmente minha.
Alguém estará à espera
E não quero que sejas tu.
Quero antes esperar-te
A ter-te lá ao longe à minha espera.
Quarta-feira, 25 de Agosto de 2004

A máscara está a tomar
Conta de mim.
Não consigo representar
Esta faceta alegre.
Este meu lado colorido,
Risonho e doce.
Nada é bom neste canto do mundo.
Agride-me esta distância,
De ti, da realidade, de tudo!
E agora neste momento
Estou a lutar porquê?
Este lugar não é tão mau,
Calmo, escuro e frio,..
Mas não é seguro.
Atrai toda a maldade,
Todo o veneno da raça humana.
Esta metade alimenta-se do mal
Cresce e apodera-se e mim
Sinto nas minhas veias,
Perversidade a possuir-me,
Escuridão a conquistar
Todos os vestígios de Luz.
Já não sei quem sou,
Talvez a máscara,
Talvez um monstro
Onde estás Amor?
Está tão longe de mim
Salva-me!
Tira-me daqui!
Não quero a máscara!
Quero-te só a ti!
Sexta-feira, 20 de Agosto de 2004

A sombra tomou conta da mulher!
Roubou a alma, quando a mulher
Caía enfraquecida pela dura caminhada.
A mulher que caminhava
Ao lado dela desapareceu.
Já há muito que caminhavam sós,
Porque escolheram essa via.
Caminhar sem uma complicação
É muito mais simples.
A única companhia que tiveram
Na caminhada, teve que afastar-se.
A sua caminhada continuava mas longe
Das paragens da mulher e da sombra.
A mulher morreu!
Ficou a sombra com a alma dela.
A mulher era débil,
Não conseguia enfrentar o sol...
A sombra vivia do sol e ganhou vida.
Mas a sombra não se fez mulher,
Fez-se escuridão.
Sábado, 14 de Agosto de 2004
| Foste embora com um Beijo fugaz mesmo frio. Ventos sussurram adeus,.. Onde estás? O escuro da noite já cobre os céus, Nenhum vulto cruza aquele caminho. Ventos uivam adeus,.. Quando voltas?
A Lua escarnece de mim No alto do seu céu de constelações eternas. Vendaval de emoções contidas,.. Porque me fazes sofrer? O desejo de sangue, do teu sangue Começa a tomar conta de mim. Tempestade de cólera! Não espero mais por ti! Oiço um rumor, primeiro Um pulsar
um bater de asas. És tu... Enfeitiças-me inteligentemente. Enches-me de sonhos libidinosos, Sensações obscenas, negras, Morro num gemido extasiada... |
Terça-feira, 10 de Agosto de 2004
Este mar tranquilo
Calor suave
Que envolve a minha alma
Serenidade, distância de tudo
Até de ti.
Sinto-me tão livre,
Tão bem com o mundo...
O mar absolve todos os meus pecados,
Devolve-me a paz, devolve-me tudo
Até o que julgava perdido para sempre.
Podes dizer: "É apenas mar, não é o paraíso."
Mas para mim é,
Este é o meu paraíso!
Aqui nada me inquieta,
Tudo é um som calmo,
Um balanço morno,
Uma bebida, um sorriso,
Um riso, a memória perdida nas ondas,
Outros Verões, outro Amor,
Uma outra vida distante
Mas ele permanece
O meu mar de Paraíso.