Quarta-feira, 30 de Junho de 2004
Não receies.
Agora estás a salvo.
Pequeno de corpo franzino.
Vagueava triste, só, sem esperança.
Sempre rejeitado por todos
No meu colo todo o carinho
Que te negaram.
Carinho simplesmente inexistente
Por mais que tentes recordar,
Por mais que procures
Só a disciplina severa e sem dó:
- Todos os teus desejos são fúteis,
A esperança é para os tolos!
Não. Tudo isso acabou no momento
Que te dei a minha luz, o meu amor.
Vou quebrar essas correntes
De desespero e indiferença.
Sexta-feira, 25 de Junho de 2004
Rendo-me nos teus braços
A suavidade dos teus lábios
Grossos, gulosos, doces...
Quero senti-los
Por todo o meu corpo.
Vem beijar-me com raiva
Não existe amanhã para nós.
Será hoje, todo o meu desejo
Ao alcance do teu toque, do teu beijo.
Quero provar todos os teus sabores
Hoje irás domar todos os meu ímpetos
Terás toda minha paixão, em troca vou
Querer-te rebelde indomável
E eu delicada frágil e tua.
Dá-me todo o teu fogo,
Reduz-me a cinzas de luxúria.
Quero ser tua, macia aveludada
Perante todo a tua volúpia.
No fim ficarei no soalho
Fria abandonada
Rosa desfolhada.
Darás alguns passos
Não me vais deixar
Assim deitada só...
É mais forte que eu
Este masoquismo.
Dá-me tempo, as feridas saram
E tu sabes como me cuidar.
Segunda-feira, 21 de Junho de 2004
Cada vez mais longe
Mais longe de mim
Mais longe de todos.
Mais isolada no escuro.
Vivo eternamente no sonho,
Ou será num sono?!
Quero quebrar estas amarras,
Quero poder voar,
Voar daqui para longe.
Se quiseres vem comigo,
Se não o desejares... não vou parar!
Quero as águas da cascata no meio da serra,
Quero nadar nua naquele mar,
Quero voltar a sentir a areia morna
O cheiro do rio quando encontra o mar.
Os barcos que partem de mansinho na noite...
Mas sobretudo quero sair daqui,
Cortar estas amarras de apatia
De nada ser novo...
Deste tudo que é nada
!
Sexta-feira, 18 de Junho de 2004

Minto quando te odeio!
Minto por não querer amar a ilusão.
Minto quando me rio de ti!
Minto por ter vergonha de chorar.
Minto por querer amarrar a tua liberdade!
Minto quando finjo nada sentir.
Minto porque não esqueço.
Não esqueço o que ainda não vivi,
A alegria, a tristeza, a paixão, a raiva...
20 de Junho de 2003
Quarta-feira, 16 de Junho de 2004

De quem são esses olhos
Que procuras na noite solitária?
Quem desejas quando
Alguém te humilha e despreza?
Que braços pretendes
Que te envolvessem na tragédia?
Quem gostarias tu
Que te sorrisse e amasse?
Com quem desejarias tu
Viver, amar e morrer?
Sábado, 12 de Junho de 2004

Este meu desvario
Que me incendeia
Nestas noites quentes
Era ter-te na morna areia
Coberta pela tua mais doce
Luxúria e tranquila perdição...
Um pôr-do-sol no mar
Uma estrela que rasga
Os céus nessa noite.
É o meu sonho
Essa noite de verão.
Acordar com uma
Erecta tentação.
Maçã envenenada
Que me seduz
E envolve na
Mais demente paixão.
Quarta-feira, 9 de Junho de 2004

Eu sei...
Eu sei do teu sonho,
Do teu desejo secreto
Que enterras na tua
Almofada quando dormes,
Ou tentas dormir...
Entrega-te!
Não vale a pena resistir...
És meu, só meu!
Entrega-te nos meus braços
De noite escura.
Não resistas à tentação,
Ao desejo, ao elírio...
Cada vez que fechares
Os teus olhos de noite
Eu vou estar ao pé de ti
Não negues mais
O teu desejo carnal
O teu desejo de mim.
Terça-feira, 8 de Junho de 2004

Sou a boneca quebrada
Velha e abandonada...
Já não tenho o reflexo
Dos sorrisos das crianças
Nestes meus olhos...
Vazios e negros de tristeza.
Meus cabelos loiros brilhantes
Já não afagam com carícias
Simplesmente caíram...
Estou perdida na escuridão
No frio de um sotão qualquer.
Já não tenho mais alma.
Não tenho mais braços para
Dar o carinho
Nem mais corpo para a
Menina enfeitar com belos
Vestidos de cetim...
Sou simplesmente a tua
Boneca quebrada
Velha e abandonada.
Sábado, 5 de Junho de 2004

Sou a prisioneira da noite
Angustiada com os gatos em cio
Quando eu própria não consigo
Aplacar este meu corpo em eterno cio
O meu amante é eterno nocturno.
Ele está longe... longe demais para acalmar
O meu corpo em chamas
Quero sangrar este desejo impuro
Que me consome devagar
Sou prisioneira não da noite mas do desejo
Da minha vontade de te levar desse
Canto escuro onde estás refugiado
Ou será condenado?
Condenado à distância de mim
Do meu corpo em chamas, em cio perpétuo...
Terça-feira, 1 de Junho de 2004

Num grito...
Hecate chamou os
Filhos da noite
Invocou os velhos espíritos.
Seus longos cabelos negros
Cobrem toda a escarpa e
Apressam o crepúsculo.
Donzelas adormecidas
Sonham pecados luxuriantes
Sobre o verde veludo da floresta.
Guerreiros amaldiçoados
Chegam para apaziguar
Seus desejos pecaminosos
Estrelas caem e céus ardem.
Ela cruza estes céus de chamas.
Todo este ambiente amaldiçoado
É cenário ao rito de procura de mortais.
Nasce a cruz de Deus,
Uma cruz velha e suja
Emerge da terra a cruz com o cadáver:
- Piedade pelos mortais que me adoram!
Bradou a caveira da cruz.
Hecate solta um riso estridente e diz:
- Pois esses serão os convidados do meu banquete!