Não me orgulho deste vazio que sinto em mim... A Musa Doente O que tens esta manhã, ó musa de ar magoado? Teria o duende róseo ou o súcubo esverdeado Quisera eu que, vertendo o odor da exuberância, Das velhas sílabas de uníssona frequência, Charles Baudelaire
Não és tu amor que me fazes sentir assim,
E se ainda respiro só a ti posso agradecer.
Mas neste trágico momento
sou a Musa Doente de Baudelaire
Teus olhos estão cheios de visões nocturnas,
E vejo que em teu rosto afloram lado a lado
A loucura e a aflição, frias e taciturnas.
Te ungido com o medo e o mel de suas urnas?
O sonho mau, de um punho déspota e obcecado,
Nas águas te afogou de um mítico Minturnas ?
O pensamento fosse em ti uma constância
E que o sangue cristão te fluísse na cadência
Quando reinavam Febo, o criador das cantigas,
E o grande Pã, senhor do campo e das espigas.